Estou cansado e não
deveria escrever,
mas não tem jeito,
continuo...
Estou cansado e meio
bêbado de sono,
mas não tem jeito,
continuo...
a chuva agua toda essa
agonia
com suas gotas calmantes
a provocar atrito com o
meu eu,
mas não tem jeito,
continuo...
As águas arrastam os meus pés.
O volume da massa
líquida é extremo
e a luz traidora fugiu
primeiro,
mas não tem jeito...
Continuo...
O frio dobra a minha
espinha
e os sapos invadem a
minha alcova,
as cobras se enroscam
de maneira louca
nas minhas pernas esquecidas,
mas não tem jeito,
continuo...
A ameaça do teto
desabar é um incômodo.
Ouço acoa de um cão
perdido nos destroços.
A massa corrida escorre
levantando spray de lama,
mas não tem nenhum
jeito,
continuo...
E continuo a escrever
sozinho,
pois a solidão é
traje que me cai bem.
Ignoro todo pretérito
filosofante,
para pôr letra por
letra
o soletrar desgraçado dessa
fotogenia
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