16 de dez. de 2007

Freud, Cemitério e outras besteiras.




Eu estava no curso de fotografia no Senac, quando surgiu uma ideia para uma aula prática, que achei muito interessante. Uma excursão dentro do cemitério de Santo Amaro, porém a ideia teve que esperar devido à rejeição dos alunos. Um disse que não entrava no cemitério, pois o pai havia falecido recentemente e outros não justificaram nada. E até que achei uma posição mais honesta, mais correta, não declarar os seus temores, contudo, uma pergunta ficou na minha mente:

Por que as pessoas têm medo de entrar no cemitério???

Pensei em pedir auxílio ao senhor Carl Jung e ele me respondeu, assim numa boa, com sua voz estridente e trêmula: -Osvaldo, isso é devido ao “inconsciente coletivo”. Eu logo me pus a refletir e realmente poderia ser isso. Alguém de nossa família poderia ter tido uma experiência terrível com a morte e, devido às suas memórias, que migraram entre gerações e gerações, o dito-cujo atual, aquele que teve a incumbência de receber essa caixa de Pandora, embolsou essa estimada herança traumática. Infelizmente para quem recebe o tal encargo, o pacote memorial não vem com amnésia.

Você tem que ver que foi melhor perguntar a Jung do que perguntar a Freud. Freud, você sabe, partiria logo para putaria. E se ele falasse que era o desejo de comer a mãe, mandaria ele se f... Não gosto de pessoas pervertidas. Então foi melhor ficar com as noções de Jung e analisar os arquétipos mesmo.

Depois de um longo tempo, a ideia de visitar o cemitério ficou na gaveta guardada e ninguém mais falava da coitada. Chegou o fim do curso e estava para ser realizada a última aula prática. Se não rolasse agora, não iria rolar nunca. Quando o professor reuniu a turma e liberou que a escolha do local fosse decidido de forma democrática. A turma resolveu que o melhor local seria o Parque da Jaqueira, todavia no Parque da Jaqueira já tinha sido realizada uma aula prática. Era um bom local, um local bastante seguro (pois não poderíamos dar bobeira com as câmeras em punho) mas queria que fosse um local novo, virgem para a minha câmera sedenta de imagens novas. Pena que a minha câmera tem um terrível defeito, o dono (rsrssss...).

Foi quando um companheiro ergueu a sua voz e propôs que a última aula fosse ao cemitério de Santo Amaro. Fiquei super empolgado, logo me debrucei sobre essa ideia como uma criança que acabava de receber um brinquedo novo, no entanto a turma não tinha mudado de ideia a respeito do cemitério e ela foi novamente rejeitada. Dessa vez não deixaria que esse projeto ficasse ao léu. Dei a ideia que esse último passeio fotográfico fosse dividido. Uma turma para o Parque da Jaqueira e outra turma para o cemitério. Bem, o nosso mestre aceitou a proposta, mas só eu e ele (o companheiro que ergueu a voz) levantamos nossas mãos para irmos ao cemitério. Não desisti, não iria desistir. Marcamos para o sábado, eu e ele somente.

Quando o sábado chegou fiquei esperando por trinta minutos o bendito companheiro, mas o meu o bendito me largou em frente do cemitério, abandonando-me com cara de lunático que não tinha o que fazer da vida. Sentia os olhos curiosos dos vendedores de flores esquentando a minha nuca. Eu tinha que tomar uma decisão antes que eles, os vendedores, começassem a jogar flores murchas em mim. Entrava ou não no cemitério, realizaria sozinho o encargo??? Como vocês podem ver, entrei.

Vejam detalhes sobre o Cemitério de Santo Amaro aqui. Vocês vão ver que ele é o maior do Recife e foi construído em 01 de Março de 1851 e outros detalhes bem legais.

Confira outras Imagens no Flickr:
Aqui jaz...O ChoroDevoçãoAs covasO CemitérioFranciscoPedro de PedraMausoléu

Um comentário:

Susan Blum disse...

Gosto de fotografar a arte cemiterial. O da Recoleta (Buenos Aires) é um prato CHEIO! Tenho algumas fotos no flickr. Parabéns pelo blog!