O médico que deveria ser a cura, se ver transformado em um monstro. |
"O médico e o monstro" levanta elementos que constam na busca filosófica do alemão Nietzsche. Esses elementos fazem referência ao "Bem" e ao "Mal" moral da sociedade pós Kant. A história conta a ambição do médico Henry Jekill em elaborar uma fórmula que tivesse o poder de dividir esses elementos para, assim, eliminar os sentimentos de culpa, tão bem descritos na obra de Nietzsche. O Dr Jekyll acredita que separando o dualismo humano, poderia fazer com que essas forças pudessem viver livres da culpa e do ressentimento: "O injusto tomaria seu próprio rumo, livre das aspirações e remorsos de seu gêmeo opressor, e o justo poderia andar com firmeza e segurança em seu caminho ascendente, fazendo as coisas boas nas quais encontra seu prazer e não mais se expondo à desgraça e à penitência pelas mãos desse estranho mal".
O que eu achei realmente interessante foi a descrição dos valores do monstro, ou seja, de Mr Hyde. Stevenson descreve Mr. Hyde como um amante da vida, pois esse se encontra livre das paixões que supostamente é superior ao indivíduo, ou à própria existência. Já os que são os bonzinhos na história não temem a própria morte, pois sendo eles homens da ciência do século XIX, a perspectiva é de que a própria humanidade, e não mais Deus, que se deve sacralizar, a ponto de ascender ao estatuto de princípio transcendental.
Vale muito a pena ler "O Médico e o Monstro" de R. L. Stevenson. Ver como Stevenson elaborou uma maravilhosa e sutil reflexão a respeito do dualismo moral que a vida absorve e, assim, prestar bem a atenção para a crítica dos valores morais de sua época.
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