8 de jul. de 2007
João Pessoa: o salto da lebre
A cidade de João Pessoa, Paraíba, acolheu durante uma breve estadia, o Veneza de Brasileiros. Capital ternura, como também é conhecida, João Pessoa fica a, aproximadamente, 120 km do Recife, sendo considerada um exemplo de urbanização para muitos. De fato, conferimos suas virtudes: trata-se de um logradouro aprazível, bem sinalizado (o que facilita muito a vida de turistas e visitantes inexperientes) e com uma espetacular estrutura de ambientação e limpeza. Notável nos pareceu ser a qualidade de vida dos seus habitantes, cujo cotidiano reflete uma mistura de um cosmopolitismo em estágio avançado com um bucolismo interiorano típico. Não se vê, ao menos por onde caminhou o Veneza, edifícios exageradamente altos, arranha-céus ou coisa que o valha; no lugar, casas, muitas árvores e avenidas largas, o que remete o visitante a uma sensação de aconchego e a uma identificação ímpar.
A violência, a miséria e o abandono, segundo informações dos próprios moradores e constatações “in locu”, compreendem taxas ínfimas, sendo talvez resultado de um bom gerenciamento no campo social, muito embora sempre haja aqueles descontentes com os rumos da política e dos gestores públicos (que aliás, como não poderia deixar de ser, visto tratar-se também de uma parcela do Brasil, as manchetes dos jornais são ocupadas por escândalos nessa área).
Com cerca de 700.000 habitantes, os nativos de João Pessoa, denominados pessoenses, se destacam pela cordialidade e presteza, em nenhum momento transparecendo qualquer descaso ou petulância no trato com os visitantes. A criatividade também é ponto alto dos pessoenses. Em visita à praia do Jacaré, o Veneza testemunhou o que um toque sutil desse qualificativo pode oferecer em vantagens de todos os matizes para uma cidade.
A praia do Jacaré, que, em verdade, é uma porção da orla do rio Paraíba, constitui um cenário pouco atrativo, à primeira vista, mas que a partir das cinco horas da tarde ganha contornos bem interessantes com a já muito divulgada performance de um senhor que atende pelo nome de Jurandyr do sax. Jurandyr é a principal atração do final de tarde, com seu sax que passeia pelo sofisticado bolero de Ravel até ancorar nas músicas regionais nordestinas. Ele está lá, todas as tardes, às cinco horas pontualmente, realizando sua aparição “litúrgica” juntamente com o pôr-do-sol. Um espetáculo imperdível para aqueles que se aventuram por aquelas bandas. Mas a boa idéia não pára em uma audição de sax, toda a praia foi ocupada por bares, restaurantes e lojas de artesanato, de modo organizado e ambientalmente correto, e de uma maneira tal requintada, que mais aparenta um festival único e singular, muito embora ocorra todas as tardes há seis anos consecutivos.
Pois é, aos amigos do Veneza deixamos a dica de uma João Pessoa calorosa e exuberante, que conquista cada visitante com sua mágica lebre que sai da boca do Jacaré.
Texto de Marcos André Carvalho Lins
Ilustração Osvaldo Barreto
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