Photo Credit: Osvaldo Barreto |
Pernambuco está
assombrado com o caso de canibalismo que ocorreu em Garanhuns. E não
é por menos. É bizarro demais pensar que haja pessoas que possam
comer as outras por causa de dogmatismos (estou claramente evitando
falar a palavra “religião” para não confundir as coisas), mas
isso aconteceu e aconteceu não em mil oitocentos e lá vai bolinha,
mas hoje, agora.
Que rito é esse que
esquarteja mulheres e faz com que comam a carne das vítimas para
purificar a alma? Quando penso em rito, me vem a lembrança que todo
ritual religioso, realizado por qualquer grupo, tem a convicção que
Deus está ali a abençoar suas ações. Da mesma forma, a fé nos pede
para acreditar no impossível, porém, é bom que se diga, não jugo a impossibilidade da existência de Deus (quem sou eu para jugar?) . Ela também nos exige atitudes diante
do deus que é a imagem do supremo absoluto, o senhor da história
(como defendia Hegel). Não há discordância nos seus desígnios, e
por isso, toda religião (ou seita) não se deve falar de democracia.
O governo, para essas instituições, é sempre teocrático.
A seita chamada Cartel
pregava pela alcovas a purificação do mundo e a diminuição
populacional. E tinha uma meta: matar três mulheres a cada ano. Se
juntarmos cada informação de forma não sensacionalista, poderíamos
traçar um perfil dessa seita e iriamos descobrir, apesar ser bem
diferente no seu todo, vários pontos em comum com a religião
oficial: Sacrifício, desvalorização do feminino, canibalismo (a
oficial é simbólico), profecias.
Parece-me que todas
elas também estão ancoradas no elemento trágico: Krishna,
Alcestos, Sakia, Indra, Hersus, Bali, Quetzalcóati e, na mitologia
grega, Prometeu. Todos eles também foram pregados como Jesus. Existe
algo que encanta as pessoas que não pertence a paz, a harmonia ou o
próprio amor, mas na dor, na dor cruel, na dor desumana.
O filósofo Nietzsche
faz uma interessante abordagem sobre a dor na obra “A genealogia da
moral”. Nos mostra como ela foi administrada por vários
seguimentos da nossa sociedade com o intuito de perpetuar, nas nossas
lembranças, as promessas que outrora nos comprometemos. Ele nos diz:
É justamente isso que constitui a longa história da origem da
responsabilidade. Vale a pena ir na biblioteca e procurar esse livro.
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