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23 de abr. de 2012

Terceira Observação a respeito do anarquismo de Proudhon


Terceira observação a respeito do anarquismo de Proudhon

A partir do texto marxista "Miséria da Filosofia", a relação de Marx com Proudhon se tornaria conturbada. Enquanto Proudhon se mantinha em silêncio, Marx não cansava de afrontá-lo por todos os viés possíveis. Para Marx, o seu ex amigo teria uma mentalidade burguesa, pois concebia um mundo abstrato, sem se preocupar em apreender a totalidade do real.

Para Marx, a precariedade do argumento de Proudhon estava contida na incapacidade de compreender a totalidade do real. Proudhon descia ao profundo abismo das ideias abstratas, enquanto Marx pretendia expor um mundo real, pois assim a realidade poderia ser captada como totalidade rica em determinação.

Porém, para Proudhon, o comunismo seria uma ideologia autoritária, pois mesmo que operários concebessem o poder, esses já não poderiam ser reconhecidos como operários. Seriam governantes e estariam sujeitos a governar em favor de si mesmos.

Dito assim, não me parece que Proudhon fosse tão alheio a realidade. Países que  adotaram o comunismo ou socialismo instituíram regimes de ditadura. Podemos perceber isso com os exemplos da URSS, Cuba, Coréia do Norte e a China. 

Também tivemos um operário no governo e não foi muito diferente. Pelo contrário, se aliou aos empresários e passou a defender as suas necessidades. Enquanto o povo... Bem, todo mundo sabe o que ocorreu com o povo...

19 de abr. de 2012

Desci um dia ao tenebroso abismo... Augusto dos Anjos.

Fundação Joaquim Nabuco

Ceticismo

Desci um dia ao tenebroso abismo,
Onde a dúvida ergueu altar profano;
Cansado de lutar no mundo insano,
Fraco que sou, volvi ao ceticismo.

Da Igreja - a Grande Mãe - o exorcismo
Terrível me feriu, e então sereno,
De joelhos aos pés do Nazareno
Baixo rezei, em fundo misticismo:

- Oh! Deus, eu creio em ti, mas me perdoa!
Se esta dúvida cruel qual me magoa
Me torna ínfimo, desgraçado réu.

Ah, entre o medo que o meu Ser aterra,
Não sei se viva p’ra morrer na terra,
Não sei se morra p’ra viver no Céu!

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Agonia de um filósofo

Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoleto
Rig-Veda. E, ante obras tais, me não consolo...
O Inconsciente me assombra e eu nele rolo
Com a eólica fúria do harmatã inquieto!

Assisto agora á morte de um inseto!...
Ah! todos os fenômenos do solo
Parecem realizar de pólo a pólo
O ideal de Anaximandro de Mileto!

No hierático areópago heterogêneo
Das idéias, percorro como um gênio
Desde a alma de Haeckel á alma cenobial!...

Rasgo dos mundos o velário espesso;
E em tudo igual a Goethe, reconheço
O império da substância universal!

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O morcego


Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
- Digo. Ergo-me a tremer.  Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
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