21 de mai. de 2012

Malandragem: Nietzsche, a Sombra e os Valores.


- MALANDRO -

“Malandro é o cara
Que sabe das coisas
Malandro é aquele
Que sabe o que quer
Malandro é o cara
Que tá com dinheiro
E não se compara
Com um Zé Mané
Malandro de fato
É um cara maneiro
Que não se amarra
Em uma só mulher...”

- MANÉ -

“...Já o Mané ele tem sua meta
Não pode ver nada
Que ele cagueta
Mané é um homem
Que moral não tem
Vai pro samba, paquera
E não ganha ninguém
Está sempre duro
É um cara azarado
E também puxa o saco
Prá sobreviver
Mané é um homem
Desconsiderado
E da vida ele tem
Muito que aprender...”


Malandro é malandro e mané é mané
Bezerra da Silva

Nietzsche colocou a vida como critério avaliador nas nossas tentativas de filosofar. Já vimos que cada um de nós contém uma personalidade agradável para o uso cotidiano e um EU oculto e noturno. Nietzsche trabalha muitas vezes com essa concepção para criticar até a igreja, demonstrando que ela muitas vezes tem sido contrária a suas concepções de bondade e de luz. A igreja ignora a sua própria sombra e, por isso, não tem condições de avaliar a vida plenamente.


Tento a vida como método de investigação, a vida de forma mais ampla, e adotando o procedimento genealógico como referência, a filosofia nietzschiana pergunta: qual é o paradigma morais vigentes? Eles servem para conservar e engrandecer a vida? Ou promovem sua decadência? E nesse momento deixo a imaginação fluir para questionar o conceito cultural que se denomina “malandragem”, em especial a “malandragem brasileira”, tão arraigada na nossa sociedade que se confunde com o que temos de cultura. Então, mais uma vez questiono: Será que há na malandragem alguma contribuição que engrandeça a vida e que garanta a conservação da mesma? Se a sombra pode ser conhecida como: eu reprimido, Self inferior, irmão gêmeo, o duplo, escuro dos mitos, alter ego, rejeitado, o id. O que ele mais as teorias de Nietzsche podem me dizer sobre a malandragem? Então, percebo que seria interessante perscrutar sobre a vida, mas essa perscrutação teria que ser completa, ou seja, teria que incluir também as nossas sombras, e permitir uma nova visão em torno daquilo que conhecemos sobre “malandragem”.

No primeiro momento, as Ciências Sociais me levaram para afirmações interessantes. Há argumentos, dentro da tal Ciência, que apontam para o surgimento do jeito malandro dos brasileiros, cantado muitas vezes pelo pernambucano Bezerra da Silva, como consequência da imposição turbulenta de uma cultura legalizada proveniente da monarquia portuguesa e da igreja católica. Podemos notar que essa manifestação não é um resultado legítimo da construção popular, ou seja, é uma tendência a desobediência civil. As instituições populares, as instituições ético-legais, abririam espaço à transgressão devido a repressão Estado/Igreja. Por outro lado, há também quem enxergue a raiz da malandragem nos laços sanguíneos que permeiam a nossa sociedade, ou seja, devido ao nosso caráter cultural mestiço. Essa última visão não condiz com a realidade e há pigmentos de racismo disfarçados de ciência. Contudo, apontamos que esse lado obscuro, ou seja, negro como uma Sombra é um conjunto de couraças pessoais dos nossos complexos. E, portanto, o portal de acesso a todas as experiências transpessoais mais profundas.

Foi no final do século XIX que o filósofo Friedrich Nietzsche buscou propor uma nova visão em torno dos valores morais e, com isso, ele expõe o seu procedimento genealógico. Na verdade, não estabeleceu toda sua teoria em um único livro, mas uma série que tem os títulos “Assim falava Zaratustra”, “Além do bem e do mal”, “Humano, demasiado humano”, “Aurora” e “A genealogia da moral”. Com esses livros, ele rompe com a tradição metafísica, entranhada fortemente na filosofia de sua época, e também com as ideias religiosa que considerava os valores como sendo eternos, universais e imutáveis. Nietzsche rompe com essa tradição e passa a pensá-los por um viés histórico e psicológico. Os juízos de valores, antes concebidos como absolutos, teriam sido, na verdade, criados numa determinada época e a partir de uma cultura específica com fortes traços religiosos. Quase todas as religiões consideram que a origem da vida, por não ser observável de forma material, se deva a uma causa mágica ou divina. O mistério da vida e da fertilidade da natureza será o primeiro motivo de adoração religiosa. Sua outra cara será o mistério da morte.

Assim, Nietzsche enxergou a necessidade de realizar um exame acerca das condições históricas e psicológicas por meio das quais os valores foram engendrados no seio da sociedade. Para efetivar essa investigação, Nietzsche dispões dos recursos da História, as cores cinzas e documentais que foram produzidas pelo o homem, da Filosofia e da Fisiologia e, por vezes, também a psicologia. Apesar disso, ao recorrer a essas disciplinas, é bom que se diga, o filósofo não assume o papel de um cientista com uma lupa nas mãos, um Comte com intuito de despedaçar as convicções religiosas através do positivismo. É verdade quando se diz que Nietzsche está longe de ser um pensador que se pretende isento e “objetivo”. Para ele, a investigação genealógica já é um procedimento que se realiza a partir de uma determinada perspectiva valorativa. Sua análise deve ser entendida como uma hipótese interpretativa que tem como pano de fundo o referencial das ciências, mas não como um método científico que se embasa em fatos.

O que iremos ver é que Nietzsche irá ficar marcado como o filósofo da desconstrução. Percebeu no homem a tendência para se deixar enganar por coisas que não oferecia sentido a vida. Para ele, o homem deveria dizer não para essas coisas e, assim, abrir caminho para uma vida extrema, terrena, de acordo com o mundo e com a vida. Nietzsche, podemos dizer, é um arquétipo de um Heráclito pre moderno. Um iconoclasta feroz com habilidade para destruir tudo que o incomoda. Mas sua destruição não pode ser vista como o fim de algo, mas como possibilidade de um começo que nos leva a uma nova visão de mundo. E essa dura ação destruidora é via para o novo e o desconhecido. Para ele:
“Esse é o único modo de pensar digno de um filósofo. Não temos o direito, por qualquer motivo, a viver isolados. Não nos é permitido enganar-nos nem encontrar a verdade por acaso. Pelo contrário, assim como é necessário que uma árvore dê frutos, assim nós frutificamos nossas ideias, nossos valores, nossos “sim”, nossos “não”, nossos “se” , nossos “como” que se desenvolvem, todos aparentados e relacionados entre si, como testemunhas de uma vontade, de uma saúde , de um terreno, de um sol. - Serão de nosso gosto esses frutos de nosso pomar? Mas que importa às árvores? Que importa para nós os filósofos?”
A busca da verdade não se traduz pela busca da felicidade, pois o gosto doce e agradável da ilusão deve ser quebrado, lançado ao chão para ser pisado como sal insípido, pois esse não mais conserva as qualidades da vida. Portando, os valores que os homens até agora conservaram numa retoma de cristal, Nietzsche buscaria destruir. Assim, o filósofo elucidaria a sua forma de ver a filosofia e determinaria o método de uma investigação honesta e corajosa. A luta contra o demonizado passariam a ser examinados na grande lupa metodológica de Nietzsche.
 
Quando perscrutamos sobre as Sombras, vemos toda complexidade humana. É no seu agir que o homem dar forma ao seu sistema imunológico psíquico, definindo o que é EU e o que é não EU. Assim, a sombra inclui nossa porção infantil, apegos emocionais e sintomas neuróticos bem como nossos talentos e dons não desenvolvidos. Podemos perceber que a vida é mais complexa do que Kant imaginava e outros filósofos entendiam. Nietzsche havia percebido e, assim, desenvolveu seu método.

O método empregado por Nietzsche não se restringe apenas a essa pesquisa das “origens” dos valores em si, pois, com o sua forma de visão iconoclasta, o filósofo propõe, simultaneamente, uma “avaliação” desses mesmos juízos de valores. Assim, ele nos interroga, também, acerca do “valor desses valores”.

Nas obras a cerca da moral, Nietzsche usa seu procedimento para examinar a dicotomia ocidental entre os valores do “bem” e do “mal”. Essa é uma tentativa de colocar senhores como Kant no divã e, assim, perscrutar a origem de suas ideias morais. Pois, para Nietzsche, essas considerações só poderia ser fruto da criação humana, o filósofo questiona até que ponto eles têm sido benéficos à nossa sociedade. No estudo das Sombras podemos ver que o homem procura um princípio em nome do qual possa desprezar o homem. Nietzsche acreditava que a invenção de outro mundo tinha o intuito de caluniar e sujar o homem. Deus era utilizado para somente para julgar e condenar a existência.

Portanto, a maior crítica de Nietzsche foi destinada para o filósofo Platão. O grego anunciava que o pensamento tinha que se libertar dos conceitos míticos de sua época. E ele só devia ter o compromisso com a verdade. Mas Platão havia dividido Parmênides de Heráclito na construção de sua filosofia. O mundo das ideias não mais oferecia uma aliança com o mundo sensível. Era vista como independentes do mundo real. Essa separação era vista por Nietzsche como algo atroz. Para ele, era preciso destruir Sócrates e, assim, destruir Platão.

Ele estava disposto a ir de encontro com a tradição. Para ele, o pensamento tem que se libertar de todas as amarras mentais. Até mesmo das regras caducas postas à filosofia. O pensamento não deve ter e nem estabelecer limites para o discurso filosófico. Era preciso ir de encontro à metafísica dos pensadores de sua época. Não vê-la como peça fundamental da filosofia, mas um instrumento para interpretar e regrar o mundo e não uma explicação do universo. Era preciso destruir os guardiões da “ratio”, mesmo que isso lhe trouxesse desgosto, sofrimento e a mais profunda rejeição. O Filósofo não pode permanecer escondido em sua torre de marfim por causa das consequências da utilidade da verdade. É preciso, a todo custo, ter um espírito livre. Assim, ele percorre um caminho de negação da filosofia kantiana pietista, hegeliana e todas aquelas que não se libertaram das armaras da metafísica ou de Deus. Faz assim para entender que as emoções e certos comportamentos como a raiva, a inveja, a vergonha, a falsidade, o ressentimento, a lascívia, a cobiça, as tendências suicidas e homicidas ficam escondidas, mascaradas pelo eu mais apropriado. A sua grande questão foi o sentido da existência e o valor desse sentido.

Nesse momento o filósofo não mais aceitaria aqueles valores da tradição, principalmente da tradição judaica cristã. Repudiava ferozmente quem buscava além das estrelas um sentido para existência. Crítico ferrenho da moral cristã, buscava um novo modo de sentir e de pensar. A razão de existir estava em preparar o caminho para chegada de um ser superior, um ser além-do-homem. O filósofo gritaria nos quatro cantos do universo: Deus morreu e com ele a sua filosofia e o seu rebanho. Todos os rebanhos irão findar na preguiça e no esquecimento na dura realidade do Hades. Inferno que não perdoa os fracos e malditos mentirosos. Nietzsche via no homem uma ponte, uma passagem e um declínio. Era no declínio que o homem superaria as suas angustias de viver e fortificaria para continuar a sua jornada evolutiva. A superbia (vaidade) seria valorizada e não mais vista como um pecado. A superbia (super= além/ bia=força) proporcionaria o remédio de uma sociedade enferma. O homem fortificado seria a corda que ligaria o macaco ao Übermensch (o além homem).

Vejamos como argumenta o pensador em Crepúsculo dos ídolos:
“É preciso estender ao máximo as mãos e fazer uma tentativa de apreender essa espantosa finesse, a de que o valor da vida não pode ser estimado. Não por um vivente, pois ele é parte interessada, até mesmo um objeto da disputa, e não juiz; e não por um morto, por outro motivo”.
Nesse sentido, a vida seria um critério de avaliação, pois qualquer avaliação sempre se dá por meio de uma determinada perspectiva inserida na vida. A fé nos pede acreditar no impossível. Nietzsche irá combater por toda vida intelectual a fé. A vida se encontra no mundo e é para o mundo que o homem deveria olhar.

Porém, algumas pessoas parecem viver o lado rejeitado da vida. Quando essas últimas tornam-se objeto de projeções grupais negativas, a sombra coletiva toma forma de racismo, busca de bode expiatório ou criação de inimigos. O mundo torna-se palco para a sombra coletiva e, assim, ela nos encara de todos os lados. É preciso entender, então, o que é a sombra.

Em dois livros (“O anticristo” e “Assim falava Zaratustra”) Nietzsche coloca o filósofo como um ser superior à humanidade. O filósofo é, em sua opinião, um ser de “de consciência nova para verdades que até hoje permaneceram mudas”. Em “Crepúsculo dos ídolos” Nietzsche chegou a comparar o filosofo a uma junção de animal e deus. Esse ser humano-divino se revela um invasor da verdade com ânimo irrequieto, perquiridor. Impossível de domesticar. Disposto a destruir ideias ou, como gostava de denominá-los, ídolos.

Em “Ecce homo” Nietzsche nos diz mais um pouco dessa filosofia que batalhou por toda sua vida. Um relato que se aproxima mais com o Nietzsche filósofo:
“A filosofia, como a compreendi e a vivi até agora, é vida voluntária no meio do gelo e nas altas montanhas – é a busca de tudo o que é estranho e duvidoso na existência, de tudo o que foi até agora proscrito pela moral”.
Essa citação é o retrato fiel de um Nietzsche filósofo. Um homem que fez de sua filosofia a grande transmutação de todos os valores. Essa disposição o fez declarar que já nasceu póstumo (O anticristo) por ser totalmente ignorado em sua época devido aos temas que ousou levantar. Afirmou que não querer admitir o erro não era só um estado de cegueira, mas, certamente, um ato macabro da covardia. Cada conquista da verdade é uma vitória da coragem. O filósofo não deve ser um escravo da opinião pública, do senso comum, da preguiça privada. Deve utilizar a sua existência para combater o conformismo, a mentira. Matar a sua época e estar pronto para morrer com ela e assim despertar a sua época para vida, a fim de resolver, eles próprio, com ela e nela.

Contudo, chegou o momento de aprofundar mais sobre a sombra. É necessário obter uma visão mais ampla do que seja a sombra. Analisando a malandragem brasileira, podemos dizer que somos uma mistura de diversas tradições. O nosso povo tem diversas origens e essa é uma das belezas desse país. Numa sala de aula, num ônibus cheio, na piscina de um clube e até mesmo numa partida de futebol, podemos notar essa diversidade de cores e raças. Porém, muito tem se falado a respeito do problema de ser tão diversificado. Um dos problemas está em não ter como fixar uma ética coesa devido esses fatores. Podemos também apontar para a forma de nossa colonização. Os portugueses que aqui estiveram tinham o intuito de exploração e, por isso, foi construído pelo tempo um caráter ameno nas questões éticas. Todavia, o que realmente determina um parâmetro sólido é a dificuldade de se sobreviver numa terra inicialmente hostil. A malandragem surge como um mecanismo de defesa contra os males de se viver numa terra recém descoberta.

Porém, não fica bastante claro essas indicações. Temos visto todos os dias deputados corruptos, senadores bandidos, governadores ladrões. Então, o que há no espírito do brasileiro para admirar e copiar figuras negativas na nossa sociedade? Veja o exemplo de Lampião. Lampião era um assassino e ladrão, mas a sociedade o abraçou como se fosse um herói. A explicação é simples: deixamos as nossas sombras ao Sol.
“A sombra representa padrões de sentimentos e comportamento autônomos e energeticamente carregados. Não pode ser detida por um ato de vontade apenas. O inimigo e o conflito são fatores arquetípicos, projeções da nossa cisão interior... Só é possível lidar com eles confrontando a nossa sombra... As épocas mais perigosas são as que presumimos eliminar a sombra. Onde está exatamente a minha sombra agora? Nenhum complexo é patológico per se. Quando achamos que não o temos, ele é que nos tem”.
A partir disso, o malandro passa a ser visto, dentro da sociedade brasileira, como um exemplo a ser seguido, torna-se um referencial de um povo e se transforma em um paradigma ético paralelo perigoso. Assim, esse paradigma ético se transforma em referência para si mesma. Tornando-se uma espécie de categoria ético-metafísica, ela reverte em valor moral e passou a ser norteada por si mesma. Um farol de conceitos para nortear a vida dos brasileiros. A imagem do malandro carioca se transfigurou em modelo ético para a própria malandragem. Transformou-se “no feedback negativo que recebemos dos que nos servem de espelhos”.

E ao tornar-se um valor verde e amarelo, a malandragem foi compreendida pelo povo como uma espécie de essência biológica, marca de uma raça. Ou seja, se transformou em caráter inerente e distinto de certos indivíduos humanos dentro do seio da sociedade. De um lado, teríamos a “raça” dos malandros (o cara que sabe das coisas) e do outro, a dos “manés” (homem que moral não tem). Ou seja. “nas interações onde exercemos o mesmo efeito perturbador sobre pessoas diferentes”.

O valor de uma lei depende da confiança que uma sociedade nela deposita. Ou seja, por ser a malandragem constituída de técnica individuais de sobrevivência, impediria estratégias mais amplas de insurreição popular. Muitas vezes acontece que falamos de injustiça quando simplesmente nos vemos na figura do mané. Nesses casos apelamos para uma ideia muito particular de justiça. Porém, pergunto, é justo o que me beneficia? O malandro diria que sim, mas sabemos que não. A história de nosso país é uma história de fracasso quando percebemos a sua grandeza. Ou seja, quem é o mané e quem é o malandro? O malandro é o verdadeiro mané e ao se perceber na figura do mané é tomado de raiva exagerada em relação aos erros alheios. O malandro é o mané, se ver no mané e não suporta em ser mané.

“Parabéns do Brasil pra você
Como mora lalau nesse nosso Brasil, ô Brasil
Lalau dá trombada no meio da rua
É que meteram o chefe da Roubos e Furtos,
limparam o doutor que é o terror da "ratatuia"!
E tem até ladrão de fraque e cartola roubando
ladrão, essa tal de falcatrua!
E o micróbio da fraude e da corrupção continua
devorando os irmãos e fazendo das suas
Roubam até da merenda de crianças carentes, minha
Nossa Senhora!
Só não roubam São Jorge porque ele mora na lua
A cruel rapinagem só vai acabar
quando o nosso governo parar de manobra
Na hora que a impunidade deixar de imperar
e meu povo faminto tiver mesa farta e grana de sobra
Quando a nossa Mãe Pátria se livrar de quem não
presta
E o dinheiro do cofre render pra valer sem
desaparecer
A nossa renda bem distribuída pra quem merecer
E o desvio de verba pro banco suíço não acontecer
E o povão com salário decente e ambiente de festa,
podes crer.
Consagrar o Presidente e cantar parabéns pra você (vou
dizer parabéns)
Parabéns pra você!
Nesta data feliz!
O Presidente é nosso grande amigo e é "sujeito homem",
é povo que diz
Acabou com a miséria e a fome do nosso país, diz aí
parabéns!
Bezerra da Silva

Nessa viagem empolgante e enriquecedora pude apreciar dois conceitos que se completam, a genealogia de Nietzsche e o conceito da Sombra. Senti todas as suas angustias camufladas em perversos demônios. O personagem do malandro, tão admirado no sul do país, não passa de uma Sombra que determina conceitos antiético que, podemos dizer, vem prejudicando toda uma sociedade. É preciso tomar emprestado o martelo iconoclasta de Nietzsche e destruir essa concepção maléfica. Também pude experimentar mais uma vez um pensador moralista comprometido em mudar o mundo com um aforismo esmagador, bárbaro e também encantador. Um cruel martelo para psedo-ídolos, como a imagem do Malandro. O vi a laquear, em cores cinzas da história, uma nova forma de ver a vida. Uma filosofia que ignora a utilidade da verdade, que ignora o senso comum da humanidade e que define o filósofo caiado no papel heróico de um ser superior. Como se deve ver esses antiheróis? Como se deve ver a figura de Lambião e a do malandro? Com desprezo, pois são arquétipos do homem fraco nietzschiano. Lembrei de uma das letras de Bezerra da Silva que ilustraria esse homem. Diz a canção: “Você com revólver na mão é um bicho feroz. Sem ele anda rebolando e até muda de voz”.

Nenhum comentário: