29 de abr. de 2010

DA VIDA E SUAS LEITURAS

Ler o mundo deve ser uma atividade prazerosa, mas a leitura do mundo não deve ser uma tarefa solitária. O individualismo moderno parte da premissa que cada um tem uma leitura do mundo respeitando, portanto, a diversidade dentro da individualidade. Ao meu ver, qualquer leitura do mundo é uma construção coletiva, para se ler o mundo é preciso interagir com as pessoas, conhecer suas leituras particulares, tentar melhorá-las, acrescentá-las e transformar sua própria leitura a partir delas. Mas o individualismo leva na maioria das vezes as pessoas a se bastarem na sua própria leitura, a lerem um livro a partir do título ou da capa, as pessoas tendem a ler apenas os best sellers e a construir sua auto-estima baseada na necessidade de escrever best sellers. A vida de cada um deve ser um best seller para si e para o outro, não importa o número de vendagens, de edições, o número de páginas, o acabamento da capa ou do conteúdo, todos devem ter o direito de escrever best sellers, todos devem ter espaço para publicar pois todos desejam ler e serem lidos. Eu gosto de ler best sellers, mas muitas vezes uma literatura de cordel esquecida no meio do sertão das vidas não só é mais agradável de ler como encerra em si mesma e no seu contexto uma riqueza e sofisticação que simplesmente não cabe em tinta e papel ou em qualquer outra mídia. Eu prefiro escrever livros não premiáveis, mas legíveis. (e isso, como tudo na vida, é uma escolha).

Marcos André Carvalho Lins

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